"I AM A STRANGE LOOP"
Ao longo dos tempos, quando lhe permito, o meu trabalho tem tentado passar por pessoas e cada vez mais o deixo escapar nesse sentido. O conhecimento gradual de nós próprios abre-nos um espaço, em que deixamos melhor fluir a intuição, em acções que nos tornam distintos.
Vestir alguém, desenhar peças de roupa que farão de uma forma muito próxima parte de tempo e espaço das pessoas diz-me respeito nesse sentido, o de deixar fluir o que sinto e sei para uma outra existência que se apropriará dela coexistindo com uma parte de mim.
Tudo isto não se pode traduzir de forma simples pois trata-se de uma relação que não é directa mas que mobiliza conteúdo de um ser para outro. Simetria, reflexo, projecção são conceitos que visualmente me traduzem esta transição com continuidade, numa forma infinita.
Assim, proponho-me a desenvolver peças de vestuário complexas na sua concepção mas claras na sua visualização, traduzindo, assim, aquilo que percebo do meu processo criativo, que parte de um ser complexo, exteriorizando-se sob formas visuais simples e que farão um percurso até uma nova vontade que lhes dará uma nova leitura, um novo contexto.
Essas formas complexas resultam de um encontro com conceitos filosóficos, matemáticos e visuais que resultam de construções topsy turvy sendo usadas de cabeça para baixo e vice-versa ou como um loop.
Algodão e lã em felpas, fazendas e jerseys em tons neutros e mesclas de cor são os materiais utilizados numa colecção ilustrativa de uma abordagem teórico-prática à minha relação com o meu processo criativo.
Resumindo, “I am a strange loop”, título retirado do livro de Douglas Hofstadter, é uma colecção de peças de vestuário que reflectem, a partir da complexidade do próprio, a sua parcial e subjectiva existência no outro.
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