“INVOLUNTARY MEMORIES | EFFACING SERIES”
Projecto contínuo de pesquisa experimental e teórica que explora a relação entre memória (individual/colectiva) e vestuário, no sentido de traduzir formalmente os mecanismos da memória, bem como a sua inevitável falha.
Reminiscências de um passado material [anamnese : ruína] pela evocação mimética de um fragmento reconhecível, parte de uma peça de vestuário icónica que reflecte uma ligação
imediata com quem a usa/vê. Excertos de um objecto que contém em si marcas de um parecer “inteiro”, que relacionados no espaço da memória colectiva [um guarda-fatos fragmentário], podem ser reconstruídos pelo espectador através da justaposição das partes.
Tal como um “memento-mori” que ao nos fazer pensar na morte, nos lembra que um dia morreremos, estes objectos são criados para nos lembrar do esquecimento. O material, a cera,
eminentemente perecível, remete para pensamentos acerca da nossa própria mortalidade [a cera derrete, queima] e sendo orgânica [é-lhe implícita a mudança orgânica inerente aos nossos próprios corpos] interessou-me enquanto material metáfora da memória. Sócrates, em Theaetetus, na sua “fenomenologia dos erros” traduz a absoluta necessidade do uso da cera através da sua descrição da capacidade de reter memórias, salvando-as do esquecimento [oubli] e ao mesmo tempo perdê-las outra vez por continuar a esquecer, a apagá-las ou derretê-las, fazendo-as desvanecer [effacing].
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